terça-feira, 26 de maio de 2009

Pelos meus delírios..., morrer !

Aprendi que não podemos nos pertencer quando me distanciei de ti...
Aprendi que quando estamos juntos, não nos permitimos amar e...,
Nos maltratamos em palavras mal faladas..., mal pensadas que aos poucos nos afasta...

Somos assim, eu e você, de amores sentidos e palavras incompreendidas..., somos assim.

Se agora na distância, meu pensamento é você, todo momento é você...
Que amor é esse que me consome e aos poucos vai me deixando sem vida...
Nos maltrata em tanta dor de sentimentos contidos, sofridos, desentendidos ou
Sei lá o quê de paixão... ?, sei lá o quê de nós dois...
Tão difícil de entender, nos atrai e quando juntos..., separa-nos novamente...

Quero amar-te na distância e, se assim a vida impõe
Mesmo que sofra meus dias, na distância vou amar-te...
Sentir-te em meu pensamento quero, nas ondas suaves de ti, eu navego solitário...
Quero estar, áh como quero !, mesmo que em pensamento, contigo quero estar sempre,
Navegar no seu mar..., na sua correnteza perfeita, para recostar entre seios e,
Como em pedras repousantes descansar...
Delírios meus..., navegar-te em sonhos
Beleza sua, voar..., em brancas nuvens voar,
Calar, sentir me em seu colo suave... e nesta distância, morrer.

E ainda assim quero que viva..., sempre viva na distância,
Para que onde eu estiver..., te ame ainda mais, e te sinta feliz...,
Para que sejas feliz, e que aquelas palavras não mais nos maltratem... e,
Não destruam este eterno AMOR !.

O Menino e sua busca...

O sol batia na copa das árvores que davam sombra àquele menino na beira do riacho e refletia em raios brilhantes no horizonte...
Ainda era manhã, e para Marcos, mais um dia de sonhos, que atormentado em seus pensamentos desacertados de alguma busca, um querer distante..., com seu olhar sem rumo, em direção ao infinito..., mãozinhas pequeninas que tocando n’água, formavam círculos como redemoinhos crescentes e circulares que se distanciavam corredeira abaixo...
Como de costume, ao longe, na pequena trilha que descia de encontro ao riacho, ouvia-se um grito sofrido, quase que ofegante chamando pelo filho, sua mãe..., sofrida mulher de fibra que anos a fio e muito só, após a morte do marido e fiel companheiro, teve que seguir em frente na luta árdua e sofrida de seus sustentos em suas plantações e colheitas diárias...
Marcos como sempre estremecia ao chamado e, como se despertasse de um sonho profundo, recolhia as vasilhas d’água presas nas extremidades e ligadas por um pequeno galho de árvore que apoiado ao seu ombro, era erguido ainda com algum sacrifício, pelo peso e balançar das vasilhas d’água, apesar desta rotina que já deixava leves marcas em seus ombros..., pois ao cansaço da caminhada, mudava vez ou outra de ombro..., nem tanto pela distância, pequena que era..., mas, pela trilha esburacada e escorregadia que ficava nos tempos chuvosos... e, que ia deixando pequenas marcas doloridas em seu ombro, pelo ralar do tronco que carregava...
Não, não estava cumprida a tarefa, pois seus dois irmãos de tão pequenos que eram, não poderiam mesmo que quisessem ajudá-lo.
Não se surpreenderiam as paredes daquele sapé..., se ora ou outra testemunhassem o choro solitário e sofrido, embora silencioso daquela mulher..., ao ver a dor dos filhos diante de tanta miséria e sofrimentos apesar da pouca idade que tinham...
Ao ver seu filho Marcos após deixar as vasilhas d’água na porta, se afastar pára recolher os poucos ovos que eventualmente sobravam do ataque de cobras, lagartos e outros animais que durante a noite rondavam por ali..., seus olhos brilhavam deixando deslizar pequenas gôtas de lágrimas do sentimento e da dor que aquela paisagem mostrava...
E assim dias e noites passavam..., com raros momentos de risos e felicidades.
Naquela família, felicidade se resumia em pequenas imagens, nas paisagens das matas que ao som e molhar da chuva bailavam diante dos seus olhares, como que ofertados gratuitamente pela natureza em agradecimento aos seus convívios..., no relacionamento com pequenos animais que já habituados a vida ao redor daquela cabana, como que domesticados pela própria proximidade daquelas pessoas em seu meio...
Mas, como na vida as coisas mudam e nos mudam também...
Um dia, como aquele que seria simplesmente, mais um dia qualquer..., após almoçar com seus irmãos e sua mãe, tendo que buscar água, Marcos se dirigiu ao riacho, mas..., pensativo, abandonou ao lado as vasilhas que estavam por encher..., e em seu pequeno entendimento, resolveu seguir as corredeiras do riacho abaixo..., caminhou por algum tempo, e ao avistar uma pequena gruta ao lado do riacho, parou prá descansar... e dormiu.
Marcos ao adormecer, não se deu conta do passar das horas..., acordou e quando resolveu voltar, já estava escurecendo.
Marcos achou que não seria seguro voltar naquela escuridão que se aproximava, e seria melhor passar a noite naquele abrigo..., sendo assim, deveria procurar algo para comer e também para se aquecer. Após recolher alguns gravetos e algumas frutas ao redor da gruta, Marcos comeu e apesar do frio, fez uma pequena cama com os gravetos e folhas que havia recolhido e nela se deitou...
Lá fora a escuridão tomou conta, a entrada da gruta, Marcos fechou com pequenos troncos e galhos para se proteger, permitindo passar apenas os sons dos pássaros e urros dos animais...
Ao mesmo tempo se acumulavam dores de espera e dúvida, distante alguns quilômetros, lá em sua casa...
Sua mãe que ao entardecer já havia saído em busca do filho, retornando sem uma resposta ao seu desespero..., chora desesperadamente em sua dor, mas, já vencida pelo cansaço do seu dia, adormece ao lado dos dois filhos menores...
Na gruta, pensamentos invadem e enchem de dúvidas aquele pequeno Marcos...
Prá onde foi meu pai ?, ele vai voltar ?
E minha mãe, vai embora também ?, e meus irmãos?, e eu ?
Onde estão as pessoas?, como elas vivem?, melhor que eu ?, pior que eu ?
Prá onde estou indo?, procurando o quê?
E em sua dúvida e cansaço acaba adormecendo...
_Marcos, você está aí ?, pode me ouvir ?, então escute bem o que vou dizer...
Existe um lugar, sempre existirá um lugar..., para alguém morar.
Este lugar será deste alguém, no tempo certo ele será..., deste alguém e não de outro, espere e verá !, o seu lugar estará lá...
Como este lugar aqui, nesta gruta estava a te esperar e não a outro..., sabia que viria, aqui você teria sua resposta, embora vaga, mas, seria o início de uma nova etapa em sua vida, uma nova maneira de viver prá você...
Marcos desperta pensativo mas, agora restava uma dúvida..., foi um sonho?, ou alguém lhe falou ? .
Já era manhã e Marcos levanta-se e se dirige ao riacho, sabia de agora em diante os passos que seguramente seguiria...
Voltando para casa, seu semblante era seguro e sereno, pareciam morrer dentro de si, muitas dúvidas, seus pensamentos agora transmitiam segurança em sua nova busca, seu novo querer..., a felicidade estava a um passo...
E, de repente ao levantar seu olhar..., maravilhado, encantado, mas curioso..., Marcos vê ao lado do riacho, sua mãe, com seus irmãos a sua espera e indaga...
_Mãe, como sabia que chegaria aqui, agora...?
Sua mãe responde...
_Filho, hoje antes de amanhecer, antes até que eu acordasse..., um Anjo me apareceu e contou o que disse para um garoto..., que ele encontraria seu lugar no tempo certo e este lugar jamais lhe seria tomado..., e me avisou que fosse até o riacho receber este bom menino...
Por isso meu filho e bom menino, esperei você neste riacho, porque sei que seu lugar hoje é aqui...
Marcos passou a viver cada dia de sua vida, mais feliz, pensando no amanhã sim, mas sem o tormento da busca incessante de um espaço que ainda está pra acontecer...
Sua busca levou ao Anjo e, Ele está presente em sua vida a cada momento..., Marcos com sua família constroem cada dia buscando a felicidade nas coisas pequenas e simples que Deus lhes proporciona, não há mais busca em seus pensamentos, suas tristezas deram lugar ao entendimento, ele sabe que seu lugar estará lá..., a sua espera, no devido tempo.